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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

1976 - início da DESMAOIZAÇÃO

  Embora tenha sido formalmente encerrada em 1969, a Revolução Cultural somente terminou, de fato, em 1976, quando Mao morreu e foi sucedido por Hua Guofeng que organizou a prisão da Camarilha dos Quatro (acusados de cometer abusos durante a Revolução). Após isso Deng Xiaoping pediu oficialmente sua reintegração, sendo aceito por Guofeng, e passando a dominar a política chinesa nos anos seguintes.

O QUE FOI A REVOLUÇÃO?

    Podemos entender  a  Revolução Cultural Chinesa como um processo iniciado a partir de 1966 na República Popular da China, que objetivava neutralizar a crescente oposição à Mao Tsé-Tung, dentro de setores do seu partido. Tal movimento evidenciou-se através de uma campanha político-ideológica.
   A partir da obra "China: Uma Nova História" podemos inferir que durante o período de 1966 até a morte de Mao 1976, houve um confronto político interno que sacudiu a China e culminou numa atemorizante destruição.
  Analisando a Revolução Cultural na China podemos imaginar uma sociedade que pode ser dirigida por um grande líder e por um partido ditatorial porque os cidadãos são politicamente passivos e obedientes à autoridade.
  O fato de Mao ter praticamente destruído o partido que construiu, arriscando, assim, todo o alicerce da revolução é uma questão complexa que demanda várias linhas de análises.
Ele temia uma revitalização da dominação de classes dirigentes dos vilarejos.A razão mais imediata da preocupação de Mao no início da década de 1960 foi a ampla e persistente difamação dos seus registros políticos por parte do PCC.
  O receio de Mao de que a revolução popular estivesse tomando o caminho errado na China aumentou com a demonstração da União Soviética. Ele se indignava com a linha dura de Nikita Khrushchev. Na União Soviética Mao pôde ver o revisionismo em funcionamento, ou seja, uma diminuição da preocupação com a questão da igualdade entre o povo e suas organizações coletivas, e em seu lugar, o crescimento de uma classe dominante composta em particular por pessoas privilegiadas, do meio urbano, de alto nível de escolaridade técnica que eram tal como o povo em geral reprimidos pela poderosa polícia secreta.
  A sua razão pessoal era recuperar o controle do PCC trazendo seus próprios seguidores fiéis para o poder.Mao teve duas carreiras, uma como líder rebelde e a outra como imperador moderno e estava extasiado consigo mesmo, e ao considerar o aparecimento das elites como um fracasso da revolução, e a solução para esse problema seria uma renovação do igualitarismo, além disso ele se creditava uma posição tão especial de reconhecimento de poder que ele poderia fazer o que quisesse. Via a nova burocracia seguindo o antigo padrão de governo autocrático e isso deixaria as massas camponesas onde elas sempre estiveram , na parte mais baixa da sociedade.
  Mao definiu o revisionismo como um abandono dos objetivos da revolução e uma aceitação dos males dos status privilegiado e do acúmulo de bens mundanos, o que poderia ser chamado de uma restauração do capitalismo.  Ele tinha em mente a idéia de que a juventude estudantil poderia ser mobilizada para atacar os males das instituições e purificar a China do revisionismo, pois era o motor das mudanças. Assim incitava os estudantes radicais publicando slogans como “Bombardeiem os quartéis” e “Aprendam sobre revolução fazendo revolução“.
  Com o apoio dos jovens mobilizado, alistaram-se voluntariamente na Guarda Vermelha.(ver post) em toda a China e tiveram transporte de graça em ferrovias , sendo hospedados em Beijing. Eles acenavam no ar com um pequeno livro vermelho. Citações do presidente Mao, que o general Lin compilara para doutrinar suas tropas. As aulas foram suspensas nesse ínterim e as universidades fechariam em breve.
  A habilidade de Mao em instigar a Revolução Cultural deveu-se em especial ao apoio das forças armadas.

A PURIFICAÇÃO

  Na obra "Em busca da China Moderna" o autor nos coloca que os líderes da Revolução Cultural Chinesa pedim um ataque aos "quatro velhos" elementos da sociedade chinesa - velhos costumes, velhos hábitos, velha cultura e velho pensamento - , mas deixavam para a Guarda Vermelha de cada local a iniciativa de aplicar estes termos. Os guardas vermelhos ansiosos para provar sua integridade revolucionária voltavam-se para qualquer um que tentasse detê-los, contra quem tivesse educação  ocidental ou negócios com os ocidentais e todos os intelectuais que pudessem ser acusados de modo de pensar "feudal" ou "reacionário". As técnicas de humilhação pública tornaram-se cada vez mais complexas e dolorosas, com a vítimas a desfilar pelas ruas com "orelhas de burro" ou com cartazes auto-incriminadores pendurados no pescoço, recitar suas autocríticas diante de multidões zombeteiras e ficar horas na chamada "posição do avião".
  Com a euforia, medo e tensão que tomaram conta do país, a violência cresceu também. Milhares de intelectuais e outros foram espancados até a morte ou morreram em consequência dos ferimentos. Muitos se suicidaram depois de tentar inultimente evitar as pressões da Guarda Vermelha, enquanto outra parcela esteve presa ou trabalhando em campos, a fim de se purificarem através do trabalho.

Imagens do período:









BIBLIOGRAFIA

CHEVRIER, Yves.   Mao e a revolução chinesa. São Paulo : Ática, 1996. 160 p.
COGGIOLA, Osvaldo.   A revolução chinesa.   3. ed. São Paulo : Moderna, 1989. 80 p
GOLDMAN, Merle; FAIRBANK, John K. China: uma nova história. L&PM,2006. 520 p.
REIS Filho, Daniel Aarão.   A construção do socialismo na China. 2. ed. São Paulo : Brasiliense, 1982. 118 p.
SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna : quatro séculos de história. São Paulo : Companhia das Letras, 1996. 817 p.

16 pontos da Revolução Cultural Chinesa

Conforme Daniel de Aarão Filho (vide post Bibliografia)
Os pontos 1 e 2 definem os objetivos da nova revolução - ela deverá visar os Quatro Velhos e os quadros da direção "engajados na via capitalista", assim como as autoridades acadêmicas autoritárias e elitistas.
Os pontos 3 e 4 insistem no caráter insubstituível e educativo da mobilização das massas.
Os pontos 5,6,7 e 8 analisa o problema dos quadros, como combater seus desvios, afirmando-se que a grande maioria seria recuperável após um processo de crítica e autocrítica.
O ponto 9 discorre de forma indicativa sobre as novas estruturas políticas que deverão surgir. É defendido o princípio da revocabilidade, a qualquer momento, dos representantes políticos eleitos.
Os pontos 10,11 e 12 referem-se ao ensino (necessidade de diminuir o período da escolaridade, redução e melhoria dos programas de ensino, simplificação das matérias, combinação do estudo com a produção agrícola e industrial e a arte militar, combinação do trabalho manual e intelectual) e à cultura (ampliação e aprofundamento da crítica às ciências).
O ponto 13 define a Revolução Cultural como a continuação do Movimento de Educação Socialista.
O ponto 14 lembra a necessidade de não se esquecerem as tarefas de produção ("fazer a revolução e promover a produção")
Os pontos 15 e 16 exaltam o papel dirigente do pensamento de Mao Tsé-Tung e do Exército Popular de Libertação no apoio e na sustentação do movimento.

domingo, 20 de novembro de 2011

Guarda Vermelha

      O movimento de massas de Mao na Revolução Cultural era formado basicamente pela juventude estudantil, um imbróglio bem diferente das massas populares que havia sido ativadas na coletivização da agricultura.
        Qualquer que tivesse sido a intenção romântica de Mao, a Guarda Vermelha voltou-se para atividades destrutivas criando um regime brutal de terror, invadindo as residências dos ricos, dos intelectuais e dos funcionários, destruindo livros,humilhando, agredindo, e até matando os seu ocupantes e clamando sempre estar apoiando o ataque revolucionário.
      Na obra "Em busca da China Moderna, o autor nos coloca que:
       "Os jovens precisavam de pouco estímulo para se levantar contra seus pais, professores, quadros partidários e os mais velhos e para executarem incontáveis atos de sadismo calculado. Durante anos haviam sido convocados a levar uma vida de sacrifício revolucionário e obediência absoluta ao Estado, sob condições de controle perpétuo. Sentiam-se irados, pois eram conscientes de sua condição. Assim, aceitaram avidamente a ordem de eliminar toda a restrição , e os alvos naturais eram aqueles que pareciam responsáveis por suas vidas constrangidas." (p.571)
     Além disso a violência poderia ser explicada ao encarar-se a natureza da política chinesa e da manipulação pessoal nos últimos 17 anos. Os chineses estavam enredados num sistema que controlava as pessoas atribuíndo-lhes rótulos de classe e colocando-os como dependentes de "chefes" de suas unidades específicas e habituando-se às campanhas maçiças de terror e intimidação. "Um sistema que provocava medo e submissão" .
      Em 1968 Mao dissolveu a Guarda Vermelha, que segundo ele tinha falhado na sua missão, e ordenou que formasse comitês revolucionários em todas as províncias. Os ativistas que agora ocupavam o lugar da Guarda Vermelha eram chamados de Rebeldes Revolucionários, porém suas depredações eram igualmente cruéis e alarmantes.
     O Clímax da revolução Cultural ocorreu no IX Congresso do Partido em abril de 1969. Lin Biao fez o relatório político. A nova constituição do partido adotada para suplantar a de 1956, enfatiza o pensamento de Mao e a luta de classes.
      As Relações Internacionais da China durante a Revolução Cultural foram atingidas pelo mesmo fanatismo que a política interna. Voltava-se contra os antigos costumes, o estrangeirismo, o antiintelectualismo foi acompanhado pela xenofobia.
    A violência dos ataques da Guarda vermelha prejudicou a área internacional da República Popular da China, sobretudo depois que ocupou o Ministério do Exterior em junho de 1967. Invadiram as embaixada soviética e da Indonésia, além de  incendiarem a britânica, assim ocasionou uma mudança significativa nas relações com os Estados Unidos e a União Soviética.

Videos sobre a Revolução Cultural (português luso e inglês sem legenda)


domingo, 30 de outubro de 2011